O mundo não pára e não é exagero dizer que a cada dia uma novidade surge, seja na tecnologia, na internet, na medicina e até no Direito. Sim, a área jurídica tem se rendido ao novo, e não acompanhar o que está acontecendo significa perder oportunidades.
É justamente nessa onda de novas ferramentas - e tendências - que surge o Legal Design: “a aplicação do design centrado no ser humano ao mundo do Direito, para tornar os sistemas e serviços jurídicos mais utilizáveis e satisfatórios” - segundo conceito de Margaret Hagan, precursora do Legal Design Lab da Universidade de Stanford e autora do livro ”Law by Design” (2017).
Entende-se que Legal Design é a utilização de princípios e elementos de design e a experiência do usuário na concepção e na elaboração de documentos e/ou produtos jurídicos. É uma forma de mudar o mindset para que os conceitos do Direito se tornem mais claros, atrativos e visuais ao público leigo.
Utilizada com o objetivo de melhorar o entendimento sobre uma situação jurídica, diversos escritórios de advocacia e departamentos jurídicos já incorporam essa comunicação.
Na prática: imagine um contrato de letras pequenas que pouquíssimas pessoas lêem até o final ou, um documento jurídico no qual os termos utilizados parecem grego para a maioria das pessoas (conhecido como juridiquês)... É aí que entra o Legal Design, para “traduzir” e explicar o que está escrito no documento ou contrato, considerando sempre os pilares: eficácia, eficiência, desempenho e resultados.
Ao adotar o legal design é possível organizar melhor as informações, adaptando recursos visuais para destacar determinado ponto do contrato ou documento. Neste sentido, é importante dizer que não estamos falando em colar figurinhas e emojis de forma aleatória.
Trata-se de um recurso que tem uma metodologia própria de uso, tornando o Direito mais atrativo, com o uso de elementos como cores, imagens, ícones, infográficos entre outros. Legal Design é sobre funcionalidade e eficiência, não sobre beleza e estética.
Tenha em mente que para aplicar o legal design, é necessário haver sentido no contexto. A escolha de como usar os elementos deve passar por alguns cuidados para funcionar melhor e atingir seu objetivo.
Atente-se para:
Não se trata apenas de “querer ser moderno” e aderir ao Legal Design sem pensar. Essa ferramenta agrega diversas vantagens, como maior aproximação e compreensão do cliente em relação a contratos, petições e documentos jurídicos. Ainda, menos é mais: menos palavras rebuscadas e desnecessárias e mais imagens reduzem o tempo de leitura e facilitam a compreensão do leigo.
Além disso, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na Resolução n◦ 347/2020, recomenda o uso da metodologia do Visual Law (Legal Law) em sua produção como forma de trazer mais clareza, compreensão, agilidade e modernidade à linguagem judiciária. O documento, que dispõe sobre a Política de Governança das Contratações Públicas no Poder Judiciário, assinado pelo ministro Luiz Fux, elenca os recursos de Visual Law como sendo essenciais para tornar os documentos mais claros, usuais e acessíveis.
No Capítulo X, sobre o Plano de Comunicação para Implementação dos Ditames da Resolução, o § único do art. 32 refere que, “sempre que possível, dever-se-á utilizar recursos de visual law que tornem a linguagem de todos os documentos, dados estatísticos em ambiente digital, análise de dados e dos fluxos de trabalho mais claros, usuais e acessíveis.”
Por fim, como tendência, o Legal Design segue o que já projeta-se para o Direito do futuro: mais próximo dos clientes, mais acessível para a sociedade, mais assertivo e predisposto a novidades.