O Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 08 de março, intensifica a reflexão sobre os desafios que as mulheres enfrentam para alcançar o protagonismo na sociedade. Se por um lado as mulheres estão conquistando espaços em diferentes áreas, não podemos esquecer que em geral elas precisam provar a sua capacidade a todo o tempo e isso se dá, muitas vezes, em um nível muito acima do que é cobrado dos homens.
No Direito, uma área conhecida por ser mais conservadora, há poucas décadas prevalecia o domínio masculino. Hoje, felizmente, este cenário mudou e as mulheres são maioria entre os advogados atuantes no Brasil. Segundo levantamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), existem no país 1.310.512 de advogados, sendo 667.606 mulheres e 642.906 homens.
Embora as advogadas tenham alcançado conquistas relevantes nos últimos anos - como por exemplo, a suspensão de prazos processuais após o parto, elas ainda enfrentam problemas como o machismo, o assédio sexual e moral, a imposição dos padrões de beleza, os desafios para conciliar a maternidade com a carreira e a dupla ou tripla jornada diária e tantas outras discriminações sobre o que elas devem ou não fazer.
Mesmo representando a maioria entre os advogados, os desafios dificultam a ascensão das mulheres a postos de comando, e vale dizer que isso acontece tanto no meio jurídico, quanto em outras profissões. Ainda assim, é possível perceber cada vez mais mulheres em cargos de liderança - embora nem sempre com os mesmos salários dos homens.
Na advocacia, comemoramos recentemente um feito inédito com a eleição de mulheres para a presidência de 5 seccionais da OAB no final de 2021. Apesar de ser uma conquista para todas as advogadas, ainda é pouco se levarmos em conta que são 27 regionais em todo o país.
E essa sub-representação feminina também se reflete no Judiciário. Um levantamento feito pelo Migalhas no início do ano passado apontou que de 61 Tribunais apenas 18 eram comandados por mulheres. Fizeram parte da pesquisa 5 Tribunais Superiores, 5 Tribunais Regionais Federais, 27 Tribunais Estaduais, 24 Tribunais Regionais do Trabalho.
Assim observa-se que o protagonismo feminino no Direito ainda caminha a passos lentos, mas é preciso celebrar cada conquista, mesmo que pequena, pois a ascensão de uma mulher abre caminho para que várias outras também se inspirem, se empoderem e tenham uma perspectiva de um futuro sem distinção.
Para chegar ao cenário atual, não podemos esquecer daquelas que lutaram por seus espaços no passado, quebrando as barreiras impostas às mulheres para que hoje, todas possam exercer a profissão.
Nesta caminhada e com a chegada das novas tecnologias, Direito e Inovação estão cada vez mais interligados e muitas advogadas estão dedicando suas carreiras ao mercado de tecnologia e inovação. Segundo dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), elas representam 18,5% dos fundadores das Startups jurídicas no país.
Levando em conta todos os segmentos de startups brasileiras, percebe-se um aumento na participação do público feminino entre 2021 e 2022 - no ano passado, 19,7% dos fundadores eram mulheres e, em 2021, apenas 16,9%.
Com mais mulheres protagonistas no mercado de inovação, antes dominado pelos homens, a esperança é que as dificuldades ligadas às questões de gênero sejam deixadas para trás, com a naturalização das profissionais nos cargos de comando.
Além disso, startups lideradas e fundadas por mulheres ainda enfrentam mais barreiras do que as comandadas por homens, o que exige um esforço extra do time para comprovar seu valor no mercado e atrair investimentos.
Fato é que mais mulheres à frente de startups representam um potencial imenso de transformação social, lançando luz sobre as diferenças entre os gêneros e incentivando o desenvolvimento profissional e, consequentemente, a inserção de mais mulheres no mercado de trabalho de tecnologia e inovação.
A presença feminina em cargos de comando - independente da área de atuação - impulsiona o desenvolvimento social e econômico, e abre caminho para que mais mulheres possam se destacar. Ainda há muito para avançar, principalmente em relação à equiparação salarial entre homens e mulheres e os desafios impostos pelo simples fato de ser mulher.
Nesse sentido, é importante trazer uma reflexão. Na área do Direito, de nada importa o setor contar com mais mulheres em atuação se essas profissionais não são reconhecidas da mesma forma que seus colegas homens.
Vale lembrar que quanto mais igualitária é uma sociedade, maior é a sua geração de riqueza, ou seja, todos saem ganhando, quando políticas de incentivo são adotadas nas empresas.
Para encerrar, uma palavra da CEO da Deep Legal, Vanessa Louzada:“Quando citamos a equidade de gênero, estamos falando sobre oferecer as mesmas oportunidades para homens e mulheres, sem distinção. Para uma empresa ser inclusiva de fato não basta alcançar a paridade em números de colaboradores, é preciso ter um olhar atento para o desenvolvimento profissional das mulheres, para que as oportunidades possam ser igualitárias” - atualmente as mulheres estão presentes em toda a pirâmide hierárquica da Deep Legal e representam 50% do time de colaboradores, inclusive nos cargos de liderança.