Nos últimos cinco anos o Brasil tem registrado um grande crescimento de startups que desenvolvem soluções tecnológicas voltadas ao setor jurídico. Sem dúvida a pandemia foi responsável por essa crescente percepção da necessidade em investir em tecnologia, mas não foi só.
Quando foi criada em 2017 a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L) contava com 20 startups. Cinco anos depois, o número de associadas cresceu 3.000%. Hoje o número de startups jurídicas no Brasil ultrapassa os 200.
E esse é um mercado que ainda tem muito para crescer. Em outubro foi realizada em São Paulo mais uma edição da Fenalaw, a maior e principal Feira Congresso para o mercado jurídico da América Latina. Durante três dias mais de 80 marcas nacionais e internacionais apresentaram seus produtos e tecnologia, além de uma exposição onde as legaltechs puderam mostrar seus serviços.
A Base Nacional de Dados do Poder Judiciário, mantida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), contabilizou em março de 2022 um total de 80.129.206 processos em tramitação nos tribunais e varas do Brasil. Um número recorde e que só tende a aumentar, não fosse a possibilidade de resoluções com o apoio da tecnologia, um papel que as legaltechs vêm desempenhando. A implementação de tecnologia no Judiciário brasileiro, assim como a justiça itinerante, a implementação dos juizados especiais e participação direta de magistrados em ações sociais também são ações fundamentais para a aceleração da justiça.
Legaltechs ou lawtechs - no Brasil os termos são sinônimos, são empresas/organizações que desenvolvem produtos e serviços de base tecnológica para o setor jurídico. A partir delas surgem soluções digitais para advogados e escritórios automatizarem seus procedimentos internos, facilitando o trabalho dos profissionais, proporcionando maior eficiência em menos tempo.
Acompanhe a seguir como essas empresas têm se desenvolvido no Brasil e como a atuação delas, ligada diretamente à transformação digital, reflete positivamente no setor jurídico.
Com o objetivo de agilizar a área jurídica e dar conta dos mais de 80 milhões de processos em tramitação no país, as legaltechs fornecem produtos e serviços que atendem as demandas dos tribunais e escritórios, através de softwares, aplicativos e plataformas que auxiliam a rotina de trabalho dos profissionais.
Em meio ao boom de startups que desenvolvem essas soluções, há também uma forte tendência: lawtechs voltadas à jurimetria, à gestão jurídica e à gestão de documentos. Neste cenário, os serviços jurídicos estão se inserindo dentro de uma nova realidade.
A simplificação do acesso à justiça tem permitido o avanço acelerado do mercado global de tecnologia jurídica. Mas, vale lembrar, a tecnologia é meio, não fim, e o conhecimento jurídico do advogado sempre será primordial.
Mesmo diante de tantos benefícios e de uma transformação que tende a contribuir para a rotina jurídica, grande parte dos advogados ainda não têm conhecimento das legaltechs e sequer sabem o que são essas empresas que unem Direito e tecnologia.
Mas, apesar da resistência dos advogados – visto que o meio jurídico tradicional e naturalmente avesso a inovações -, é necessário uma mudança de mentalidade e de cultura. A transformação digital na advocacia deve ser vista sob uma perspectiva positiva, uma vez que proporciona um dia a dia mais prático e eficiente. O processo de modernização do trabalho dos advogados e departamentos jurídicos por meio das tecnologias digitais gera melhores resultados e serviços, permitindo uma gestão mais rápida, prática e eficiente.
Nesse sentido, o advogado do futuro é aquele que faz uso dos recursos que a tecnologia proporciona para a sua atuação profissional, tendo mais tempo para focar nas ações estratégicas e menos na parte operacional e burocrática da advocacia.
“Ainda existem dúvidas por parte dos advogados sobre como aplicar tais recursos (tecnologia) , o que requer uma transformação de mentalidade. (...) O advogado sai da faculdade treinado para ver exceção e, no momento em que se depara com dados, ele tem aquilo que chamamos de paralisia da análise. Primeiro, ele não sabe o que fazer, por onde começar com aquela quantidade de informação. Depois só começa a ver a exceção, mas não as possibilidades”, Louzada, Vanessa.
Diante do grande volume de trabalho, contar com a tecnologia para agilizar e facilitar as tarefas cotidianas é um investimento com retorno garantido. Isso vai além das atividades de cada setor e chega como um grande ecossistema capaz de trazer dados e informações seguras.
Para o jurídico, toda essa mudança faz uma grande diferença. Os benefícios em unir expertise digital ao que por muitos anos foi manual transforma as possibilidades de atuação e - principalmente - de estratégia.
Acesso rápido a jurisprudências, automação de processos, assinaturas eletrônicas, digitalização de documentos, controle de dados dos clientes, entre outros, fazem mais que organizar a rotina dos profissionais. As ferramentas desenvolvidas para escritórios e empresas permitem um maior controle das ações, planejamento e manutenção o que, no final, representa uma grande economia de tempo e dinheiro.
Não há como fugir: o mercado jurídico já se desenvolve junto à transformação digital, atendendo demandas e encontrando formas de resolver as mais diversas questões - até porque, no final do dia, será o cliente a exigir a mudança que vê acontecer no mundo.
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