A gestão baseada em dados é uma tendência em todos os setores e, no exercício da advocacia não é diferente, tanto no que se refere aos processos internos de um Escritório, quanto na gestão do Jurídico Interno de Empresas.
Com o grande volume de informações brutas no mercado jurídico, que ainda não foram tratadas, é importante entender que o mercado tecnológico possui ferramentas para coleta, transformação dessas informações em dados e sobretudo análise em larga escala, com o objetivo de mapear a tendência de determinado tribunal ou realizar um comparativo entre diferentes cortes no país, e por isso tem se mostrado uma das principais soluções para a atividade da advocacia na era digital.
Todos os dias, profissionais do Direito se deparam com uma infinidade de informações na gestão de suas carteiras de processos, oriundas de diferentes plataformas eletrônicas desenvolvidas pelos Tribunais de Justiça, em todas as esferas.
Neste cenário, com o movimento da digitalização do judiciário, e consequentemente, com o peticionamento eletrônico, foi possível criar ferramentas tecnológicas para coleta de informações processuais das cortes, e com o acervo de processos dos Escritórios e Empresas, é possível lapidar esse conteúdo em dados, organizando-os e interpretando-os de forma simplificada, evidenciando padrões capazes de prever com maior eficiência as probabilidades e estatísticas, resultando em insights sobre determinado contexto, por meio de recursos trazidos pelos softwares jurídicos, a exemplo da volumetria e jurimetria, desenvolvidas pelas lawtechs.
Com tantas informações disponíveis no mercado, é preciso saber identificar recursos que podem ser utilizados pelos profissionais da área jurídica. Por isso, é essencial compreender o que são os dados jurídicos, qual a sua importância e utilidade no dia a dia e, ainda, como a tecnologia, por meio das lawtechs, pode apoiar esse processo.
Mas afinal, o que são os dados jurídicos e como a coleta e organização desses pode trazer soluções para o exercício da advocacia?
Segundo a ciência da computação, dados podem ser entendidos como informações brutas - aquelas que ainda não passaram por um tratamento e por isso não geram nenhum valor. É aí que a tecnologia entra como uma grande aliada na prática jurídica, coletando e transformando as informações em dados e por fim, organizando-os por meio de visões e indicadores de eficiência e performance, auxiliando na tomada de decisões assertivas, não só orientando o trabalho dos advogados, mas contribuindo para o aumento da produtividade.
E, em uma sociedade hiper conectada como a nossa, com tantas informações circulando ao nosso redor, mais do que uma tendência, a gestão data driven - que usa os dados para basear a tomada de decisões, é uma necessidade que se impõe a todos que desejam se manter atualizados e competitivos no mercado atual.
Ao transformar Big Data em informações – por meio da inteligência artificial e machine learning - as soluções tecnológicas extraem os pontos mais relevantes de um universo imenso de dados, para que o operador jurídico possa direcionar as suas ações da melhor maneira, evitando retrabalho ou até mesmo tarefas repetitivas que podem ser executadas por uma inteligência, e de forma orgânica, aumentar a qualidade da prestação de serviço, trazendo maiores resultados.
O saneamento na base de dados do Judiciário fornece, de forma automatizada, representações gráficas – visual law – com os dados que podem servir de apoio para o profissional. Assim, é possível fazer uma análise organizada dos casos de forma rápida, objetiva e baseada em dados reais.
Podemos citar como exemplo, um caso atendido pela Deep Legal, em que o saneamento na base de dados de uma seguradora reduziu em 20% o estoque de processos e acelerou a resolução dos casos. Isso porque os algoritmos fazem o trabalho repetitivo do operador jurídico, reduzindo as chances de erro e deixando para o profissional a parte estratégica.
Apesar de toda a evolução que temos hoje no ecossistema de inovação, é claro que a tecnologia por si só não basta para a gestão dos dados. Por isso, é indispensável aliar as ferramentas disponíveis com a jurisprudência e o conhecimento teórico e prático do advogado.
Neste ponto, a jurimetria permite pesquisar, classificar e organizar os dados de uma maneira preditiva, para que estejam disponíveis de forma clara e objetiva. Assim é possível que o profissional do Direito entregue respostas rápidas e ofereça estratégias bem definidas aos clientes.
Muito além de atender as demandas já existentes, a análise organizada dos dados, ajuda as Empresas e Escritórios de Advocacia a prever riscos e custos e pode, ainda, por exemplo, auxiliar na tomada de decisões visando a implementação de políticas de contingência e provisão financeira, de acordos e de dispensa recursal. Tudo isso, a partir de um conhecimento aprofundado e segmentado que as ferramentas tecnológicas fornecem e que antes não eram conhecidas.
Nesse sentido, o uso de legal analytics é um diferencial competitivo no mercado, trata-se de uma ferramenta que gera eficiência ao facilitar o trabalho dos profissionais de Direito, transformando o departamento Jurídico em um investimento.
Neste universo de possibilidades que a Inteligência de Dados apresenta é importante lembrar da Lei 13.709/18, conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Apesar da legislação não proibir a coleta e o tratamento das informações, é preciso ter cuidado para não expor nenhum dado pessoal como nome das partes envolvidas, RG, endereço ou qualquer outro que possa ferir a lei. Por isso, é fundamental que todo o processo seja realizado com o suporte de uma equipe especializada.
Apesar das lawtechs e legaltechs utilizarem apenas os dados públicos do judiciário, essa tem sido uma preocupação constante das startups no desenvolvimento de seus produtos e é, sem dúvida, algo que todos os profissionais do Direito devem ficar atentos.
Em suma, a partir de todas as mudanças que a transformação digital trouxe ao dia a dia para auxiliar as atividades, por meio de uma gestão baseada em dados, torna-se cada vez mais importante se manter conectado, atualizado e relevante no mercado atual.
Na área jurídica, a análise com base em informações úteis extraídas dos bancos de dados públicos dos Tribunais de Justiça em todas as esferas do país, conforme dito, contribui na otimização do trabalho dos profissionais no exercício da advocacia, além de resultar insights na tomada de decisões, contribuindo, dentre diversos cenários, principalmente no aumento da produtividade.
E você? Já pensou em inserir a Inteligência de Dados na sua rotina?