Apesar de a tecnologia fazer parte do dia a dia dos profissionais do Direito, uma pesquisa divulgada em novembro pela Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L) aponta que a maioria dos advogados brasileiros desconhece os benefícios que a inovação pode trazer para a prática jurídica. Segundo o levantamento, 57% dos entrevistados negaram saber o que as startups jurídicas fazem e como suas soluções podem ser utilizadas na rotina dos escritórios.
Para Vanessa Louzada, CEO da Deep Legal, lawtech especializada em inteligência de dados e gestão preditiva, os dados demonstram o quanto o setor de inovação ainda pode crescer no Brasil, que tem um dos maiores mercados jurídicos do mundo, com 1,2 milhão de advogados e cerca de 77 milhões de processos em tramitação, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A inovação no jurídico envolve os produtos e serviços desenvolvidos pelas Lawtechs e Legaltechs que, por meio de avançadas tecnologias, como por exemplo Inteligência Artificial, Big Data e Machine Learning, fornecem informações reais para subsidiar a tomada de decisão.
“Muitas pesquisas demonstram a necessidade de disseminar a inovação e a cultura data driven no mercado, para que os operadores jurídicos possam atuar baseados em dados, utilizando as informações disponíveis a favor de seus clientes. O ecossistema de inovação jurídica vem se aquecendo no Brasil e a tendência é que cada vez mais imprescindível que os escritórios e departamentos jurídicos utilizem essas soluções”, explica Vanessa Louzada, que ressalta quatro vantagens de se adotar a aplicação de dados no dia a dia dos profissionais:
O uso de tecnologia de dados proporciona uma visão global dos processos que tramitam na Justiça, fornecendo dados reais para os advogados. A análise preditiva indica como tem sido a entendimento dos magistrados em ações semelhantes e quais os caminhos o advogado pode seguir em cada situação, alinhados às demandas do cliente.
A mineração e análise preditiva dos processos semelhantes disponíveis no banco de dados do judiciário permitem acelerar a resolução dos conflitos, indicando os casos mais suscetíveis a acordos, aumentando os níveis de conciliação na Justiça brasileira.
Ao acelerar a conclusão das demandas, a empresa reduz o estoque de processos e, consequentemente, dos custos judiciais. Além disso, o uso da Inteligência Artificial otimiza o departamento jurídico, automatizando processos que antes eram feitos de forma manual, melhorando a gestão jurídica.
O profissional que adota a tecnologia de dados e a gestão preditiva em sua rotina consegue ter uma visão holística do Direito e acompanhar as transformações da sociedade e do Judiciário de forma analítica.
Vanessa Louzada destaca ainda que a tecnologia é uma ferramenta para aprimorar o conhecimento teórico e a doutrina jurídica, mas a advocacia data driven requer uma mudança de mentalidade dos profissionais. “Desta forma, o profissional pode aliar sua experiência profissional para fazer análises diagnósticas e prognósticas, desenvolvendo uma argumentação analítica no seu dia a dia”, destaca Vanessa Louzada.