A tecnologia abriu as portas para que o acesso à informação modificasse a rotina das pessoas e das empresas. Os departamentos jurídicos e escritórios de advocacia cedo ou tarde serão fortemente impactados por essa revolução digital. Ela passa pela introdução de ferramentas tecnológicas no dia a dia do sistema jurídico e também pela utilização dos milhões de dados gerados diariamente em diversos âmbitos. Esse conjunto de informações recebe o nome de Big Data, uma aliada importante para a utilização estratégica de dados que podem auxiliar legisladores e operadores do Direito.
O Big Data é um conceito que descreve o grande volume de dados, estruturados e não estruturados, que são gerados a cada segundo pelas empresas. Essas informações são armazenadas e podem se tornar — quando organizadas — de suma importância na tomada de decisões acertadas.
Pra se ter uma ideia, o Instituto Gartner, especialista em pesquisas e consultoria, estima que 2,2 milhões de terabytes de novos dados são criados todos os dias. Segundo a empresa, a previsão é que seja superado o total de 40 trilhões de gigabytes de dados no mundo até o final de 2020. Além disso, a produção de dados dobra a cada dois anos, de acordo com analistas. Ou seja, certamente é um crescimento exponencial.
Em síntese, o Big Data capta tudo que está disponível no mundo online. Essas informações vêm de diversas fontes, como redes de dispositivos conectados, fontes disponíveis publicamente e redes sociais. Então, trazendo para o mundo jurídico, há uma quantidade contínua e crescente de dados. Registros jurídicos, acusações, defesas, testemunhos e decisões dos juízes são alguns dos exemplos de dados que são armazenados e, posteriormente, analisados.
Porém, como utilizar de forma inteligente todos esses dados disponíveis? Nesta etapa do processo, a jurimetria — ou Legal Analytics, que nós explicamos aqui — pode ser útil para os departamentos jurídicos. A técnica aplica métodos quantitativos, especialmente a estatística, para uma gestão mais eficiente no Direito. Dessa forma, há a possibilidade de saber imediatamente como determinada vara ou turma já julgou alguma matéria específica. Isso pode, então, auxiliar no processo de tomada de decisão.
Em 2019, o Seminário das Altas Cortes dos Brics teve como tema principal a revolução provocada pelas novas tecnologias nos sistemas de justiças dos países emergentes, entre elas o Big Data. Da mesma forma, o impacto disso na prestação de serviços jurisdicionais também foi debatido. Então, autoridades das cortes supremas do Brasil, Rússia, China e África do Sul convergiram sobre a importância de rápido aprofundamento nas questões tecnológicas.
Na reunião, os representantes russos afirmaram empregar aplicativos e bancos de dados para eliminar o uso do papel na prestação dos serviços, tramitação eletrônica de documentos e digitalização do acervo de processos. A China, por sua vez, informou estar em meio a uma revolução tecnológica, iniciada em 2013. Segundo o representante chinês, seus 3.500 órgãos de justiça já estão integrados em uma mesma plataforma.
Esse movimento dos países dos Brics segue uma tendência mundial que tem os Estados Unidos e países da União Europeia como líderes dessa transição tecnológica. Além do uso do Big Data, outras novas ferramentas digitais estão em fase de implementação no sistema jurídico, como inteligência artificial, 5G, biometria e computação em nuvem.
Inclusive, existem diversas Legaltechs no mundo seguindo essa tendência. Segundo com a Law Gazette, de Cingapura, somente no ano passado 436 investidores de Legaltechs aplicaram mais de US$ 2 bilhões em firmas desse segmento em todo o mundo. Já a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), registrou um aumento de 1.100% entre 2017 e 2020. E a Deep Legal desponta como líder em nosso país, com aumento de 40% na busca pela solução durante a pandemia, bem como mais de 84% de acerto nas previsões propostas na plataforma.
O ano de 2019 terminou com 77,1 milhões de processos em tramitação, de acordo com o relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ou seja, também serão milhões de novos dados de tramitações até o final deste ano, com informações valiosas sobre ações e decisões a serem incluídos neste Big Data jurídico brasileiro.
Então, com esses dados em mãos, o Legal Analytics se torna um grande aliado dos profissionais do meio jurídico, pois ele junta essas informações e faz uma análise e interpretação. Como resultado, é possível projetar com mais precisão os ganhos e perdas de casos, assim como suas principais tendências, facilitando a tomada de decisão e o posicionamento estratégico da empresa.
Para entender mais sobre este assunto, não deixe de ler nosso artigo sobre como o Legal Analytics pode ajudar o setor jurídico.