A análise jurídica orientada por dados ajuda a advocacia a promover soluções mais inteligentes e rápidas para os clientes. O Legal Analytics ganhou impulso a partir da digitalização das instituições do Judiciário. O peticionamento eletrônico permitiu a integração de dados processuais das cortes com o acervo de processos dos escritórios e, dessa forma, impulsionou análises com base em volumetria e jurimetria, traçando cenários preditivos e orientando a prática jurídica.
Para Vanessa Louzada, “as análises preditivas podem ajudar os escritórios e departamentos jurídicos em muitos cenários estratégicos práticos. Alguns exemplos são a ajuda e as validações de políticas como: políticas de contingência e provisão de risco de perdas financeiras, políticas de acordos com a eleição de casos com maior chance de perda; política de dispensa de recursos para ganhar eficiência jurídica de todos os envolvidos”.
A advogada ainda explica que o uso de Legal Analytics gera muitos impactos na eficiência. Para a realização de acordos, a ferramenta melhora a escolha dos casos e consequentemente a resolução de conflitos, entregando uma prestação jurisdicional para todos os envolvidos, desafogando o Judiciário e não incentivando novas entradas de processos sem o devido direito. “A partir dos elementos das ações em tramitação, como partes, objetos, tempos do processo, resultados da sentença, valores de condenações e acordos, por exemplo, é possível indicar, de forma instantânea, se a negociação é viável ou não em cada um dos casos.”
Essa prescrição digital ocorre, segundo a especialista, seguindo os valores e as regras de cada instituição. “A Inteligência Artificial traz facilidades na localização e organização dos dados e contexto jurídicos. É possível integrar a pesquisa ao sistema da empresa e, assim, vamos minerando esses dados e já eliminando os casos menos promissores para acordos, fazendo uma predição dos resultados das ações que estão em tramitação. Portanto, as negociações são baseadas em dados e se tornam mais assertivas, eliminando etapas do processo e reduzindo o tempo de litígio”, afirma.
Os tribunais também adotam a jurimetria como uma forma de sistematizar o Judiciário, fazendo com que demandas semelhantes tenham sentenças que se assemelhem.
Sobre a jurimetria, aliás, Louzada ressalta que ela “não substitui o estudo do caso concreto,da doutrina, da análise jurídica e a expertise do profissional. Isso porque a previsão a que se propõe a jurimetria tem caráter probabilístico, e não determinístico. Ela oferece imenso potencial de auxiliar a advocacia, de modo a aprimorar o processo de tomada de decisões, economizar tempo e aumentar os recursos do jurídico”.
Como exemplo, ela cita um projeto de acordos desenvolvido pela Deep Legal para um grupo educacional, em que os resultados do emprego do Legal Analytics foram significativos. Em apenas dois meses, foram 1.472 acordos realizados, entre os cerca de 4.500 aptos à negociação. “Na primeira fase, nos processos aptos, em processos cíveis, a carteira de processos reduziu 36%. Dos 2.184 processos existentes, 776 foram solucionados por meio de acordos. Índice semelhante foi obtido nos processos pós-sentença, com 32% de redução no estoque de processos”, relatou.
Usando a tecnologia, a análise de litígios pode fornecer insights sobre casos e tendências legais que antes eram desconhecidos. A pesquisa oferece dados que podem aprimorar o aconselhamento jurídico e desenvolver estratégias de litígio. A análise jurídica também pode fornecer um histórico detalhado do litígio de uma parte contrária, permitindo que o advogado entenda as estratégias da parte e os resultados do litígio.
Ao utilizar essas informações, tanto o advogado interno quanto o advogado externo estarão muito mais bem equipados para prever quanto tempo um caso pode demorar, quanto custará, quais danos podem ser esperados, qual estratégia seu oponente pode empregar, com qual plano de ação é provável que a ação seja bem-sucedida e muitas outras considerações importantes.