02/10/2025

O Que São Padrões Abertos de Dados Judiciais

2/10/2025

Padrões abertos de dados judiciais são formatos que permitem que informações do sistema judiciário sejam compartilhadas de forma acessível, padronizada e sem restrições proprietárias. Isso significa que qualquer pessoa ou sistema pode acessar, processar e usar esses dados sem barreiras técnicas ou legais. No Brasil, esses padrões ajudam a reduzir a fragmentação dos dados judiciais, promovendo transparência e eficiência.

Principais pontos:

  • Acessibilidade: Dados disponíveis gratuitamente e sem barreiras.
  • Padronização: Formatos homogêneos que facilitam a integração entre sistemas.
  • Reutilização: Permite a criação de soluções tecnológicas e análises jurídicas.
  • Transparência: Facilita o controle social e a confiança no sistema judicial.

Exemplos práticos incluem iniciativas como o projeto "Transparência para Todos" do TJMG, que simplificou o acesso a informações judiciais, e o uso de inteligência artificial em tribunais brasileiros, acelerando processos e melhorando a gestão. Apesar dos avanços, desafios como a falta de padronização total e a necessidade de equilibrar privacidade e abertura de dados ainda persistem.

A adoção de padrões abertos não só melhora a transparência, mas também abre espaço para inovações e avanços no setor jurídico, como a jurimetria e ferramentas preditivas que tornam o sistema mais eficiente e acessível.

Por Que os Dados Judiciais Abertos Importam no Brasil

Melhorando a Transparência e a Responsabilização

No Brasil, os padrões de dados judiciais abertos têm desempenhado um papel essencial na promoção da transparência, tornando informações mais acessíveis e compreensíveis, além de fortalecerem o controle social.

Um exemplo marcante é o projeto "Transparência para Todos", do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Essa iniciativa transformou o acesso à informação ao apresentar dados em uma linguagem mais simples e com recursos visuais claros, focando na experiência do usuário e na usabilidade.

"A iniciativa Transparência para Todos busca abordar a lacuna entre a obrigação formal de publicar dados e a capacidade real do cidadão de entender e usá-los. A linguagem técnica predominante nos portais institucionais afasta o cidadão comum, restringindo o pleno exercício da supervisão social e prejudicando a confiança nas instituições."

Desde 2004, o Portal da Transparência do Brasil tem publicado informações sobre transferências financeiras e gastos em formatos abertos, atualizando mais de 50.000 registros todos os dias. Complementando isso, a plataforma Fala.BR, lançada durante o quarto plano de ação da OGP do Brasil (2018–2021), centralizou a aplicação da Lei de Acesso à Informação (LAI) e permitiu que solicitações de informações fossem feitas de forma anônima. Essas ferramentas têm sido amplamente usadas por jornalistas e organizações para expor irregularidades e aumentar a responsabilização.

Além de promover transparência, esses avanços criam oportunidades para o desenvolvimento de tecnologias que transformam o sistema judiciário.

Apoiando a Inovação Jurídica

A interoperabilidade dos dados judiciais é um elemento-chave para a adoção de inteligência artificial (IA) e para impulsionar a inovação no sistema judiciário brasileiro. O Processo Judicial Eletrônico (PJe), por exemplo, digitalizou quase todos os casos criminais, cíveis e administrativos até 2023, reduzindo a dependência de processos em papel para apenas 1,1%. Essa digitalização padronizada permite que os tribunais utilizem sistemas de IA, mostrando como dados integrados podem acelerar o avanço tecnológico no setor jurídico.

Outro marco importante é o Projeto de Lei 2338/2023, que estabelece diretrizes para o uso de inteligência artificial no Brasil. Ele exige que autoridades públicas garantam acesso a bases de dados e assegurem a portabilidade completa das informações.

Em novembro de 2024, o Tribunal de Contas da União (TCU) lançou o "ChatTCU", um modelo de IA generativa projetado para ajudar sua equipe jurídica a produzir, traduzir e analisar textos legais de maneira mais eficiente.

"Não pode haver IA confiável, inovação tecnológica sustentável e transformação digital genuína sem um regulador forte capaz de equilibrar inovação com a proteção de direitos fundamentais."

Apoiando Pesquisas e Tomadas de Decisão

Os padrões de dados abertos também desempenham um papel crucial no suporte a pesquisas e na tomada de decisões estratégicas. Eles permitem análises baseadas em dados, incentivam o desenvolvimento de novos serviços e ampliam a transparência governamental.

O Portal de Dados Abertos do Brasil é um exemplo disso. Ele se conecta a sistemas como o e-SIC e o e-OUV, permitindo que cidadãos registrem reclamações, solicitem informações e façam sugestões. Além disso, a Controladoria-Geral da União (CGU) desenvolveu um Painel de Monitoramento de Acesso à Informação, que incentiva órgãos federais a cumprirem suas obrigações sob a LAI.

Esses dados também são essenciais para o treinamento de modelos de IA generativa no campo jurídico, aumentando a precisão das respostas e facilitando a resolução de questões legais. Eles ajudam profissionais do direito a analisar precedentes, identificar padrões em decisões judiciais e até prever resultados futuros.

"A disponibilidade dos Dados Jurídicos Abertos pode trazer muitos benefícios para indivíduos e sociedade através do aumento da transparência e ao permitir decisões informadas por indivíduos e organizações."

O Banco Central do Brasil também reforça essa abordagem ao disponibilizar mais de 400 conjuntos de dados estruturados por meio de APIs, facilitando análises detalhadas.

Esses avanços estão pavimentando o caminho para progressos significativos em análises jurídicas e jurimetria, transformando a maneira como o setor jurídico opera no Brasil.

Marco Legal para Dados Judiciais Abertos no Brasil

Principais Leis e Diretrizes

Depois de explorar os benefícios e obstáculos relacionados aos dados judiciais abertos, é importante compreender o marco legal que sustenta essa prática no Brasil. O país conta com um conjunto de leis que asseguram tanto a transparência quanto a proteção de dados judiciais, com destaque para a LGPD – Lei nº 13.709/2018, alterada pela Lei nº 13.853/2019 – e a Constituição Federal (Art. 5º, LXXIX, Emenda Constitucional nº 115/2022).

A Constituição Federal reforça esse compromisso ao estabelecer a proteção de dados pessoais como um direito fundamental, criando uma base sólida para iniciativas de transparência.

"A disciplina da proteção de dados pessoais tem como fundamentos: I – o respeito à privacidade; II – a autodeterminação informativa; III – a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; IV – a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; V – o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; VI – a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; VII – os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais." - Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Artigo 2º

Além disso, a Lei de Acesso à Informação (LAI) – Lei nº 12.527/2011 – regula o acesso às informações públicas, garantindo aos cidadãos o direito de consultar dados mantidos por órgãos governamentais, incluindo os judiciais. O Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) e a atuação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) complementam esse arcabouço legal. Essa estrutura busca equilibrar a transparência com a proteção de dados pessoais, um desafio constante no cenário jurídico.

Equilibrando Dados Abertos e Privacidade

Embora o marco legal estabeleça as bases para a abertura de dados, ele também impõe desafios para garantir que a privacidade não seja comprometida. A LGPD apresenta diretrizes abrangentes que se aplicam tanto a organizações públicas quanto privadas, incluindo o Judiciário.

No contexto do tratamento de dados pessoais pela administração pública para fins judiciais, a LGPD permite o uso em situações específicas, como a implementação de políticas públicas ou a defesa de direitos em processos judiciais.

"O tratamento dos dados pessoais só é permitido nas seguintes hipóteses: ... III – pela administração pública, para o tratamento e uso compartilhado de dados necessários à execução de políticas públicas previstas em leis ou regulamentos ou respaldadas em contratos, convênios ou instrumentos congêneres, observadas as disposições do Capítulo IV desta Lei; ... VI – para o exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral..." - Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Artigo 7º

A legislação também incentiva técnicas como anonimização e pseudonimização, que permitem o uso de informações para pesquisas e estudos sem expor a identidade dos indivíduos. Dados anonimizados – desde que não possam ser revertidos com esforço razoável – não são considerados dados pessoais pela LGPD.

Um exemplo prático dessa aplicação é o Portal COP30, que demonstra como a administração pública pode cumprir a LGPD ao detalhar os tipos de dados processados e as medidas de segurança adotadas, incluindo a divulgação de informações mediante ordens judiciais.

"A administração pública se compromete a cumprir todas as leis relativas ao uso correto dos dados pessoais dos cidadãos, garantindo todos os direitos e garantias legais dos usuários. Também se compromete a promover, independentemente de requerimentos, a publicação em local de fácil acesso, dentro de sua competência, de informações de interesse coletivo ou geral produzidas ou custodiadas." - Portal COP30, Termos de Uso

Para dados pessoais sensíveis – como informações sobre origem racial, saúde ou opiniões políticas – a LGPD exige condições mais rigorosas, como consentimento explícito ou justificativas legais. Além disso, os titulares desses dados possuem direitos fundamentais, como acesso às informações, correção, anonimização, bloqueio, eliminação, portabilidade e até mesmo a revogação do consentimento.

Esse conjunto de normas e práticas busca garantir que a abertura de dados judiciais promova a transparência sem comprometer os direitos fundamentais à privacidade.

Como Implementar Padrões Abertos de Dados Judiciais

Entender a relevância e os aspectos legais dos dados abertos é apenas o começo. O próximo passo é saber como colocá-los em prática de forma eficiente.

Melhores Práticas para Implementação

Para implementar padrões abertos, é essencial trabalhar com formatos padronizados, APIs eficientes e um design que priorize o usuário. O ponto de partida é uniformizar formatos de dados, sistemas de busca, campos e atributos em todos os órgãos judiciais. Isso ajuda a superar a diversidade atual e facilita tanto a coleta automatizada quanto a análise comparativa entre diferentes tribunais.

Outra estratégia indispensável é criar e disponibilizar APIs (Application Program Interfaces) para a coleta automatizada de dados. Essas interfaces devem incluir mecanismos como registro de usuários e limites de consulta, garantindo o bom funcionamento dos servidores e evitando usos inadequados. Essa abordagem elimina a necessidade de métodos menos práticos, como web-scraping e CAPTCHAs.

Além disso, o design das plataformas deve ser pensado no usuário. Isso significa reorganizar páginas com linguagem acessível, incluir infográficos, glossários e vídeos explicativos. Recursos visuais e educativos ajudam a tornar as informações mais claras para diferentes públicos. Essa reestruturação deve ser guiada por pesquisas de usabilidade e testes com usuários reais.

Um exemplo concreto é o projeto "Transparência para Todos", do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), lançado em 2023. O projeto envolveu análise da estrutura atual, reuniões com o Laboratório de Inovação, pesquisas de usabilidade e a criação de textos simples e explicativos. Desde o início, a sociedade civil foi envolvida por meio de estudos que coletaram feedback sobre dificuldades de navegação e compreensão.

Desafios Comuns e Soluções

A implementação de padrões abertos enfrenta diversos desafios, como limitações técnicas e problemas na qualidade dos dados. Um dos principais obstáculos é lidar com dados não estruturados e sistemas diferentes entre os tribunais. Além disso, a falta de formatos padronizados para publicação de informações agrava o problema.

Muitas vezes, os dados disponíveis são incompletos, desorganizados ou desatualizados, criando os chamados "dados zumbis" - informações antigas que comprometem a utilidade das plataformas. Em vários tribunais brasileiros, ainda não existem plataformas específicas para solicitações de Acesso à Informação, e uma parte significativa dessas solicitações não recebe resposta adequada.

Outro problema recorrente é a chamada "transparência inacessível", onde os dados são técnicos e fragmentados, dificultando a compreensão, especialmente para pessoas com menor familiaridade digital ou jurídica.

"Um dos desafios é que não é suficiente simplesmente publicar dados e informações se pessoas comuns não conseguem entender e usar os dados. Esse desafio se aplica particularmente ao contexto legal, que contém um grande número de termos técnicos e jurídicos específicos, tornando difícil para o público geral entender decisões legais."

Para superar esses desafios, é necessário adotar frameworks que permitam acesso padronizado a dados em tempo real, utilizando APIs online. Outra solução é implementar tecnologias como Processamento de Linguagem Natural (PLN) e Inteligência Artificial Generativa para simplificar termos técnicos e jurídicos presentes em documentos oficiais, tornando-os mais acessíveis para o público geral.

A exclusão digital também precisa ser combatida, principalmente em regiões mais vulneráveis. Programas como o Wi-Fi Brasil, que já instalou mais de 15.000 pontos de internet, sendo mais de 10.000 em escolas públicas, são exemplos de como garantir acesso básico à internet em áreas remotas.

Esses desafios destacam as diferenças fundamentais que serão exploradas na comparação a seguir.

Comparação entre Padrões Abertos e Fechados

A distinção entre padrões abertos e fechados de dados judiciais é evidente ao analisarmos suas características e impactos:

Aspecto Padrões Abertos Padrões Fechados
Transparência Garante acesso amplo e prestação de contas Restringe o acesso e dificulta a transparência
Inovação Permite criação de soluções analíticas e jurimetria Limita o desenvolvimento por falta de dados
Padronização Utiliza APIs, formatos homogêneos e políticas claras Caracteriza-se pela ausência de padrões
Acessibilidade Dados disponíveis para análise automatizada Barreiras como CAPTCHAs dificultam o acesso
Desenvolvimento Sistemas colaborativos e integrados Sistemas isolados e sem integração
Qualidade Dados atualizados e organizados Informações desatualizadas e inconsistentes
Compliance Atende à Resolução CNJ 121/2010 Muitos tribunais não seguem a regulamentação

No Brasil, o modelo fechado ainda predomina. Entre 31 sistemas de busca jurisprudencial, 22 foram desenvolvidos internamente pelos tribunais, o que contribui para a falta de padronização. Além disso, 9 de 29 tribunais pesquisados utilizam CAPTCHAs, dificultando a coleta automatizada de dados.

Tribunais de estados como Espírito Santo, Goiás, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e Tocantins não permitem ou possuem funcionalidades inoperantes para o download completo de decisões judiciais, violando a Resolução CNJ 121/2010.

A transição para padrões abertos requer mudanças tecnológicas e o desenvolvimento de ferramentas modernas de gestão e governança judicial. Isso não apenas democratiza o acesso à justiça, mas também incentiva a participação cidadã em processos decisórios por meio de plataformas digitais e interações online.

Aplicações e Benefícios para Análises Jurídicas

A padronização dos dados judiciais vai além de melhorar a gestão e a transparência: ela abre portas para análises avançadas que transformam a prática jurídica. Com padrões abertos, é possível criar ferramentas analíticas que convertem dados em informações estratégicas, beneficiando tanto a advocacia quanto a gestão judicial. Vamos explorar como isso impacta a jurimetria e eleva as práticas jurídicas.

Papel na Análise Jurídica e Jurimetria

A jurimetria, quando alimentada por dados judiciais padronizados, utiliza modelos estatísticos para analisar processos e fatos jurídicos, substituindo interpretações subjetivas por insights baseados em dados sólidos. Com isso, é possível identificar padrões em decisões anteriores e aumentar a previsibilidade dos resultados.

Um exemplo prático é o NODS (National Open Data Standards), que oferece definições uniformes para dados judiciais. Isso elimina barreiras históricas na coleta de informações, permitindo acesso direto e confiável aos dados, sem a necessidade de adaptações interpretativas.

Esses padrões também aprimoram modelos preditivos. Nos tribunais de asilo dos Estados Unidos, por exemplo, esses modelos alcançaram 80% de precisão ao usar dados disponíveis até a decisão e 78% ao considerar apenas as informações iniciais. Detalhes como o ID do juiz e a nacionalidade dos envolvidos contribuíram significativamente para esses resultados.

Além disso, técnicas de análise de linguagem natural e machine learning, viabilizadas por dados estruturados, ajudam a detectar vieses em decisões judiciais e a identificar problemas sistêmicos. No Quênia, um estudo mostrou que o uso de algoritmos para analisar registros digitalizados reduziu em 22% a duração dos casos.

Uso de Dados Abertos pela Deep Legal

A Deep Legal é um exemplo de como padrões abertos de dados podem ser aplicados para criar soluções analíticas eficazes. Sua plataforma monitora, busca, compara e prevê dados jurídicos de 1º e 2º graus dos tribunais brasileiros. Combinando inteligência artificial, estatística, big data e machine learning, transforma informações brutas em insights práticos.

"Dados extraídos dos Tribunais e dos Diários oficiais, unidos para prover a informação mais completa e precisa."– Deep Legal

A ferramenta de jurimetria da Deep Legal permite monitorar processos jurídicos e identificar casos recém-distribuídos antes mesmo da citação. Com ela, os usuários conseguem prever resultados, reconhecer tendências e avaliar riscos.

A plataforma oferece módulos como "Predição", que mede riscos e sugere acordos, e "Anomalias/App", que identifica variações inesperadas nos dados. Um módulo GPT reduz o tempo de análise de semanas para horas. Além disso, o serviço "Busca e Prospecção" indexa continuamente os Diários Oficiais e dados dos Tribunais, permitindo pesquisas detalhadas com base em critérios como assuntos, empresas ou setores econômicos.

Benefícios Práticos para Profissionais Jurídicos

Essas inovações têm impacto direto na rotina dos profissionais jurídicos. Em 2024, o uso de inteligência artificial na prática jurídica saltou para 30%, comparado a 11% em 2023. Nos grandes escritórios, com mais de 100 advogados, a adoção cresceu de 16% para 46% no mesmo período.

Ferramentas baseadas em IA trazem eficiência operacional, automatizam tarefas repetitivas, reduzem erros e oferecem um controle mais preciso sobre questões financeiras e operacionais. Isso torna a gestão de passivos judiciais mais estratégica e previsível.

Além disso, o acesso a dados estruturados melhora a tomada de decisões estratégicas. Legisladores, gestores públicos, juízes e advogados conseguem interpretar e aplicar leis de forma mais informada, promovendo maior clareza e responsabilidade no sistema jurídico.

Outro benefício está na prevenção de litígios. Estratégias preditivas ajudam a identificar áreas propensas a disputas, permitindo a adoção de medidas preventivas, como a mediação, para aliviar a sobrecarga do sistema judicial. Exemplos do mercado mostram a importância de bancos de dados amplos e atualizados, com algumas soluções mantendo mais de 700 milhões de registros e realizando mais de 1 milhão de atualizações diárias. Esses números evidenciam a escala necessária para análises eficazes.

Conclusão

Os padrões abertos de dados judiciais estão mudando o sistema jurídico ao torná-lo mais transparente, eficiente e acessível. Mais do que uma questão técnica, eles representam um alicerce para um judiciário mais conectado com as demandas da sociedade.

A experiência no Brasil, como o projeto "Transparência para Todos" do TJMG em 2023, evidencia que não basta apenas disponibilizar dados; é essencial torná-los compreensíveis e úteis para o cidadão comum.

"A mera disponibilização de dados não garante transparência nem promove a cidadania. Ao incorporar técnicas de usabilidade, design empático e linguagem voltada ao cidadão, o TJMG busca estabelecer um novo padrão de comunicação institucional focado na clareza, acessibilidade e inclusão."

Iniciativas como o Portal da Transparência demonstram o impacto dessa abordagem. O portal não apenas economizou R$ 13 milhões, mas também expôs desvios significativos, reforçando o valor de dados abertos bem estruturados.

Esses exemplos mostram que implementar padrões abertos exige mais do que soluções técnicas. É preciso investir em uma mudança cultural, com comprometimento institucional para garantir que os dados sejam úteis e acessíveis para todos.

A digitalização do judiciário brasileiro, que já alcançou 97,2% dos novos processos de primeiro grau protocolados eletronicamente em 2021, cria uma oportunidade única de adotar esses padrões desde o início. No entanto, essa transformação digital precisa ser acompanhada por políticas que assegurem inclusão e acessibilidade.

Com os avanços e desafios em vista, fica evidente que os padrões abertos de dados judiciais são indispensáveis para uma justiça mais democrática. Eles permitem que cidadãos, advogados, pesquisadores e gestores públicos façam escolhas informadas com base em dados confiáveis. O futuro do sistema jurídico brasileiro dependerá de como lidaremos com essa transformação nos próximos anos.

FAQs

Como os padrões abertos de dados judiciais podem melhorar a eficiência do sistema judiciário no Brasil?

Os padrões abertos de dados judiciais são uma peça-chave na modernização do sistema judiciário no Brasil. Eles não apenas ampliam o acesso às informações, mas também promovem mais transparência e garantem que diferentes sistemas possam "conversar" entre si. Essa troca de informações de forma integrada acelera decisões e as torna mais fundamentadas, ajudando a reduzir atrasos e a melhorar a eficiência geral.

Outra vantagem importante é a redução da burocracia. Com processos mais simples e organizados, a gestão dos dados judiciais se torna mais ágil. Isso reflete diretamente em um sistema mais eficiente, capaz de oferecer serviços de melhor qualidade e atender às demandas da sociedade com mais rapidez e precisão.

Quais são os desafios para implementar padrões abertos de dados judiciais no Brasil?

A adoção de padrões abertos de dados judiciais no Brasil enfrenta alguns desafios consideráveis. Um dos mais evidentes é a necessidade de cumprir as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que estabelece regras rígidas sobre o uso e o compartilhamento de informações pessoais. Isso exige um equilíbrio delicado entre transparência e privacidade, o que pode complicar a implementação desses padrões.

Além disso, os sistemas judiciais tradicionais ainda sofrem com limitações que dificultam sua modernização. Problemas de interoperabilidade entre sistemas diferentes e a resistência à mudança dentro das instituições são barreiras frequentes.

Outro ponto crítico é a falta de capacitação técnica entre os profissionais do setor, que muitas vezes não estão preparados para lidar com as novas tecnologias necessárias. Soma-se a isso a necessidade de investimentos expressivos em infraestrutura tecnológica para garantir que os dados sejam seguros, acessíveis e organizados de forma transparente. Embora esses desafios tornem o processo mais complexo, enfrentá-los é indispensável para construir um sistema judicial mais eficiente e acessível no país.

Como a LGPD impacta a abertura e o uso de dados judiciais no Brasil?

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) trouxe mudanças importantes na forma como os dados judiciais são tratados e disponibilizados no Brasil. Ela define regras específicas para proteger dados pessoais, incluindo os chamados dados sensíveis, que frequentemente aparecem em processos judiciais.

O objetivo principal é encontrar um equilíbrio entre a transparência judicial e a proteção da privacidade. Isso significa que a abertura de dados precisa ser feita com responsabilidade e segurança. Além disso, regulamentações recentes têm reforçado a proteção de informações relacionadas a membros do Judiciário e órgãos públicos, garantindo que as normas de privacidade sejam respeitadas sem prejudicar o acesso às informações de interesse público.

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